As montanhas do Tibet e o budismo


O Tibete, conhecido como teto do mundo, é uma região onde há apenas uma missão para a vida selvagem: sobreviver. Lar dos maiores animais da China e de uma das maiores cadeias de montanhas do mundo, o Himalaia. A verdadeira muralha da China. Nessa cadeia de montanhas de natureza incrível, está situado o Monte Kailash – Kangrinboqê.

O Tibete possui cerca de 2 habitantes por quilômetro quadrado. Pode-se comparar de forma equivalente à densidade demográfica do Estado do Amazonas (Brasil), registrada no ano de 2010 (IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No Tibete, no entanto, a biodiversidade não pode ser comparada ao Estado amazonense, detentor de quantidade bem mais expressiva de vida. Isso se dá ao fato de o Tibete ser uma grande região de cadeias de montanhas que dificultam a criação de solos e a manutenção da vida. 


A incrível paisagem desta região e suas singularidades fazem com que os nativos tenham grande ligação com a natureza. Singularidades como a aranha que vive quase no topo do mundo (Monte Everest), conhecida pelos nativos como “tigre-mosca”, o Leopardo das Neves, e os fenômenos naturais que ainda estão agindo e modificando as cordilheiras através da tectônica de placas criando lagos e rios termais.

A maior parte da população tibetana é fortemente ligada à religião. Para eles não há como não considerar a paisagem em seu estilo de vida, fazendo deste um povo de grande capacidade de observação e ligação com o meio. Considerada uma das mais sábias culturas existentes no mundo e que resulta desse contato e ligação direta com o meio natural. Boa parte da população é composta por monges e freiras, sendo essa em sua maioria independente e isolada.

A religião tibetana é uma mistura de budismo e crenças xamãs muito antigas. Nas rochas e nas caveiras dos iaques são esculpidas, pelos nativos, combinações de sílabas que, acredita-se, possuem poder espiritual. Se recitados, esses mantras criam um som que se difunde no universo e cria contato com o mundo espiritual, segundo a crença budista. 

As bandeiras coloridas que estão penduradas em vários lugares representam os cinco elementos: fogo, água, terra, madeira e ferro. As bandeiras são símbolos por eles utilizados para purificar o ar, para manter os deuses em paz. Essas bandeiras representam preces e, quando penduradas em mastros e presas em rochas, acredita-se que o vento leva as preces para os deuses, para o paraíso. 

De tempos em tempos, nos mastros onde se penduram as bandeiras, são feitas manutenções e as bandeiras são trocadas – as antigas bandeiras são guardadas com carinho – e quanto mais próximas do topo do mastro, mais "sortudo" é o que dali tirou uma bandeira. No topo do mastro fica um domo, que é o objeto mais sagrado, e por isso o mais desejado pelos religiosos tibetanos. 
Saga Dawa Festival

O fato de ser um povo ligado espiritualmente com o meio, com a paisagem e outras formas de vida, faz com que os tibetanos-budistas vivam em harmonia com outros seres. Há uma relação de benefício entre os budistas e os demais seres – a forma de vida budista traz benefício a todos os seres. Isso se dá pelo fato de que a crença deles se baseie no pensamento de que os atos desta vida tem impacto na próxima vida, buscando então um estado de perfeição e de total domínio próprio, chamado “iluminação”. 

Os budistas consideram a vida de todos os seres com a mesma importância, sendo a humana apenas mais uma forma de vida que não é superior às outras. Por isso há tanto respeito com a natureza e a relação homem/meio é tão difícil de separar (como deve ser).

A questão da hierofania, do espaço sagrado, para esse povo se torna difícil de limitar-se a um espaço apenas, já que toda forma de vida e todo o ambiente tem valor sagrado para eles.

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