A ordem dos fatores altera o resultado - Primeiro anistia aos infratores ambientais, depois criação de Unidades de Conservação

Celso de Mello (esquerda) e Sarney Filho (direita)

No dia 01/03 de 2018 o STF votou a favor da anistia daqueles que desmataram ilegalmente nossas florestas. Confira aqui. Obviamente isso causou desconforto e um certo grau de revolta aos ambientalistas, conservacionistas e amantes da natureza.

Em seguida, na semana seguinte, o Ministro do Meio Ambiente (Sarney Filho) disse: "Vamos sair, com essa criação dessas unidades de conservação marinha, de 1,5% de proteção para 25% de proteção". O plano é criar Unidades de Conservação nos arquipélagos de São Pedro e São Paulo (PE) e de Trindade e Martim Vaz (ES). 

Veja bem...


Primeiro anistiam aqueles que cometem infrações ambientais. Com isso, centenas de multas milionárias e milhões de hectares de florestas destruídos foram rapidamente apagados.

Logo em seguida, sem demora, vem à mídia (com mais força e alcance) a criação dessas Unidades de Conservação marinhas. Um aumento significativo é mostrado, de modo que olhamos para o Estado e pensamos: "nosso governo se preocupa com a proteção de nossa fauna e flora".

Percebeu que há algo, no mínimo, estranho nisso? Sabe-se que havia essa discussão dessas Unidades de Conservação marinhas há algumas semanas, mesmo antes de ocorrer a votação do Código Florestal. Mas vir primeiro com o ruim e depois com o bom tem um propósito. Agora não estamos mais preocupados com o interesse de nosso governo em proteger infratores ambientais, "vítimas" do "AGRO É POP". Agora estamos pensando em quão bom é o nosso governo, interessado em conservar nossa biodiversidade.

Há, sem dúvida, um motivo nisso tudo, que é conduzir seu julgamento a respeito de como está nossa política de conservação. Pense que, mesmo criando Unidades de Conservação, se o Estado perdoa a destruição da vida, que garantia temos da manutenção da mesma com a criação dessas unidades? Nesse caso, a ordem dos fatores (primeiro notícia ruim, depois notícia boa) altera o resultado (sua conclusão a respeito da política de conservação de nosso país).

Afinal, qual será o objetivo da criação dessas Unidades de Conservação? Será apenas a conservação de nossa megabiodiversidade (uma vez que se considera constitucional a anistia aos que a destroem), ou há algum interesse além do que é dito?

Fique atento! Te orienta!

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