O canto das Araras vs. O canto das Motosserras - Os Tembé e a inovação contra o desmatamento na Amazônia!

Aparelho de monitoramento instalado

A floresta amazônica é a maior floresta tropical do mundo. Dotada de vasta biodiversidade; cerca de um quarto de todo o mundo. Nela podemos identificar os diversos sons da natureza: seja das aves, dos primatas, dos felinos, dos demais mamíferos, dos insetos, das folhas ao vento nas copas das árvores, etc.. Há muitos sons na natureza, em específico na floresta amazônica!

Infelizmente não existem apenas esses sons naturais. Também existem sons camuflados, quase imperceptíveis, abafados no som da floresta – o som das motosserras. Aponta-se (Greenpeace) que 18% da Amazônia tenha sido desmatada.

O combate ao desmatamento é feito tanto pelo poder público quanto pela coletividade, isto é, pelo órgãos ambientais e pela sociedade civil. O trabalho com as comunidades é fundamental para o combate, pois eles são os moradores da linha de frente da guerra ao desmatamento.

Topher White é um jovem norte americano, visionário, fundador da Rainforest Connection, que trouxe uma novidade excepcional no combate ao desmatamento. Ele adaptou celulares obsoletos com microfones externos e placas solares para captar os sons da floresta, com o objetivo de identificar o som de motosserras, caminhões ou motos.

Topher White

Os celulares são chamados de guardiões. Eles são colocados no alto das árvores para capturar os sons das florestas 24 horas por dia. Topher percebeu que tão adentro da floresta o sinal dos aparelhos são insuficientes para gerar o alerta. Eles precisam ter sinal para que o som captado gere o alerta e seja enviado para o computador.

Ao perceber isso, Topher entendeu que os aparelhos realmente deveriam estar localizados bem próximos às copas das árvores; mais do que ele imaginava. Eles são conectados a antenas que melhoram a recepção do sinal para a geração do alerta.

Smartphone sendo adaptado para realizar monitoramento

Topher trabalha junto a uma comunidade indígena local – os Tembé. Eles são um povo que luta contra os infratores, combatendo o desmatamento. Há décadas eles realizam esse trabalho na linha de frente do combate ao desmatamento. Os Tembé perderam o controle de 30% de seu território, e estão tentando buscar esse controle. Eles lutam não só por uma causa ambiental. Eles lutam por seu lar!

Naldo, o cacique Tembé, é um guerreiro defensor de seu lar desde os 8 anos, quando fez sua primeira ação de fiscalização. A princípio, com a chegada de Topher, Naldo tinha dúvidas se realmente Topher poderia ajudar. Vendo os celulares obsoletos, os quais Topher dizia serem extremamente úteis para o combate ao desmatamento, Naldo ficou descrente.

Naldo a esquerda e Topher White a direita

Quando Topher testou o sistema de monitoramento, que funciona praticamente em tempo real, com o “delay” de poucos minutos, e obteve êxito, Naldo percebeu sua eficácia e se animou. Topher testou o sistema com os Tembé e obtiveram ótimos resultados.

Naldo disse: “hoje temos mais tempo para nossa cultura, para nossas famílias, temos mais tempo para sobreviver”. Com a nova tecnologia os Tembé realizam o monitoramento com muito mais eficiência, segurança e facilidade. Ter tempo para sobreviver é essencial, pois para Naldo, o cacique Tembé, “um povo sem cultura não é ninguém.”.

O projeto de Topher se estendeu para outros países, sendo aplicado também no Peru, em Camarões e, em breve, na Bolívia. No Brasil tem tido bons resultados, pois os alertas auxiliam os Tembé a fazer as patrulhas com mais eficiência e segurança, bem como facilitam as denúncias aos órgãos ambientais competentes.

O uso da tecnologia junto às comunidades locais tem se mostrado eficiente. Essa aproximação facilita o contato da comunidade com os órgãos ambientais, o que abre mais portas para o combate a cada dia. Deve haver uma mudança de pensamento, quebrando preconceitos por ambas as partes (órgão ambiental/comunidade tradicional), de modo a trabalharem em conjunto.

Você pode se envolver com o Rainforest Connection (aqui), ou pode doar para organização sem fins lucrativos (aqui). Você pode acompanha-los pelo YouTube, Facebook e também pelo Instagram.